Entre o Lacrador e o Isentão: A Real Sobre Esquerda, Direita e Liberdade

O debate político renasceu no Brasil. Agora, mais do que nunca, é importante entender as posições de cada um. É importante entender a diferença entre esquerda e direita.

Conhecer as diferenças entre essas correntes é fundamental, ainda que sua posição pessoal não se alinhe com nenhuma delas.

Você pode ser “de centro” ou isentão – mas os partidos e os indivíduos que definirão as políticas públicas e as leis têm uma posição definida – e é essencial que você entenda o que essa posição significa.

Entender isso não é complicado, e nem exige que você faça um julgamento moral. Existem pessoas honestas e decentes em (quase) todas as correntes ideológicas. Mas os resultados pretendidos – e obtidos – pelas políticas públicas são muito diferentes, dependendo da ideologia que está por trás.

Perceba que não importa se você acredita ou não em esquerda e direita; o que importa é que as pessoas que estão ou estarão no poder acreditam. O mínimo que você deve fazer para se proteger é entender o que isso significa.

A primeira diferença entre esquerda e direita é que o discurso de esquerda prioriza o coletivo, enquanto a direita tem o seu foco no indivíduo.

É simples mesmo. E tem profundas implicações.

Mas a diferença mais impactante entre as duas visões do mundo diz respeito à riqueza: enquanto a esquerda se preocupa quase que exclusivamente com a redistribuição da riqueza existente na sociedade, as políticas da direita se ocupam, principalmente, com a criação dessa riqueza.

Implantar políticas de esquerda significa sempre trabalhar, de uma forma ou de outra, pela adoção de um sistema chamado “socialismo”.

Socialismo é, ao mesmo tempo, (1) uma forma de organização do Estado, (2) um sistema econômico e (3) uma doutrina ética e moral.

Em comparação, políticas “de direita” não levam, necessariamente, à adoção de nenhuma forma de organização específica do Estado.

Os pensamentos liberal e conservador – correntes que constituem o que usualmente é chamado de direita no Brasil – aceitam vários modelos políticos. Por exemplo, os EUA escolheram o regime republicano (assim como o Brasil), enquanto a Inglaterra preferiu o sistema parlamentarista.

O sistema econômico ideal da direita – ou seja, dos liberais e conservadores – é o modelo capitalista de livre mercado (embora um mercado realmente livre não exista em lugar algum).

A ética e a moral de liberais e conservadores tende a ser baseada na tradição judaico-cristã.

As filosofias liberal e conservadora são incompatíveis com regimes autoritários.

Sua preocupação principal é a proteção dos direitos fundamentais do indivíduo contra a tirania do Estado. Esses direitos são o direito à vida, o direito de ir e vir, o direito à livre expressão e o direito à propriedade – direitos que garantem que o Estado se abstém de interferir em nossas vidas.

Como resume o filósofo francês Frederic Bastiat: “só podemos esperar do Estado duas coisas: liberdade e segurança. Se pedirmos uma terceira coisa, corremos o risco de perder as outras duas”.

A filosofia política de esquerda, ao organizar a sociedade de forma “coletivista”, reduzindo o papel do indivíduo em prol do coletivo, promove naturalmente um modelo de Estado forte.

O principal objetivo desse Estado é operar a redistribuição da riqueza. Essa é a obsessão dos políticos esquerdistas. Para eles, os direitos importantes estão relacionados com essa redistribuição: são direitos materiais, para os quais é necessário que o Estado tome alguma ação e que alguém pague a conta: são o direito a um emprego, a uma casa e a assistência médica gratuita (alguém tem que pagar por essas coisas e serviços).

A propriedade privada é um dos direitos considerados mais importantes nas filosofias liberal e conservadora. Na filosofia de esquerda, a mesma propriedade é vista com fonte do mal, e a proposta esquerdista é que essa propriedade privada seja primeiro transferida para as mãos do Estado (no sistema socialista) e, finalmente, se torne uma propriedade comum de todos (no sistema comunista[1]).

Essas são, essencialmente, as diferenças principais entre as visões do mundo “de esquerda” e “de direita”.

A propaganda ideológica, a luta pelo poder político e o radicalismo extremista mascaram essas verdades essenciais com uma cortina de fumaça de frases feitas e slogans populistas.

A guerra pelos corações e mentes da sociedade tem sido ganha pela esquerda desde a Revolução Francesa, com sua arrebatadora proposta de “igualdade, liberdade e fraternidade. A esquerda tem o charme da rebelião, da utopia intoxicante do “mundo melhor”, da camiseta de Che Guevara que foi comprada com o cartão de crédito do papai capitalista.

(claro que boa parte dos esquerdistas é da “esquerda caviar”, que ganha fortunas mamando nas tetas do Estado e quer que os pobres se explodam – mas isso é assunto para outro artigo).

A dura e inescapável realidade é que qualquer partido de esquerda – mesmo os que operam dentro de democracias– pela natureza intrínseca de suas ideias e do seu sistema de valores, promove e trabalha para a adoção do socialismo: um regime autoritário, economicamente equivocado e, sempre, opressor e violento.

O resultado do socialismo é, sempre, em todos os lugares, desastre, miséria, opressão, desemprego e conflito.

À direita cabe sempre a tarefa de catar os cacos e consertar o estrago.

Isso você precisa saber. Isso você não pode esquecer.

Especialmente no Brasil.

Especialmente no dia de hoje.

 

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[1] Essas são das definições de socialismo e capitalismo segundo Lênin. Para Marx socialismo e comunismo eram a mesma coisa. Lênin inventou essa diferença porque queria destruir o partido socialista da URSS.

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