Aqui está a verdadeira e imediata ameaça à vida no planeta: ainda existem quase 10.000 (dez mil) armas nucleares nos arsenais de 9 países, prontas para uso. A maioria delas pertence à Rússia e aos EUA, que agora se encontram diante de um conflito potencial na Ucrânia.
O número de armas nucleares já chegou a setenta mil na década de 1980. Apesar da grande redução, Estados Unidos e Rússia ainda possuem mais armas nucleares do que o necessário para destruir um ao outro muitas vezes.
Se os russos ou a OTAN resolverem usar armas nucleares em um conflito na Europa, o resultado poderia ser a transformação de um confronto local em uma guerra nuclear europeia ou uma catástrofe global. Dezenas de milhões de pessoas morreriam nos primeiros minutos dos ataques.
Um estudo de 2002 sobre um conflito entre os Estados Unidos e a Rússia concluiu que, se 350 das ogivas nucleares russas atingissem alvos industriais e militares nos Estados Unidos, entre 70 e 100 milhões de pessoas morreriam nas primeiras horas em explosões e incêndios.
Muitas outras pessoas seriam expostas a doses letais de radiação. Toda a infraestrutura econômica do país seria destruída – a internet, a rede elétrica, o sistema de distribuição de alimentos, o sistema de saúde, o sistema bancário e a rede de transportes.
Nas semanas seguintes a maioria dos que não morreram no ataque inicial morreria de fome, radiação e doenças epidêmicas. Um contra-ataque dos EUA causaria a mesma destruição na Rússia e, se as forças da OTAN estivessem envolvidas, Canadá e Europa teriam destino semelhante.
Estudos científicos indicam que a poeira e as cinzas produzidas por uma guerra nuclear com 100 a 200 explosões criariam um efeito climático – o inverno nuclear – duradouro e catastrófico que devastaria a produção de alimentos e levaria à fome em muitas partes do mundo.
Os presidentes dos EUA e da Rússia têm autoridade exclusiva para autorizar o uso de armas nucleares, o que significa que não precisam da concordância de seus secretários, conselheiros militares ou de outros representantes eleitos do povo.
No meio de seu ataque à Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin, em 27 de fevereiro, ordenou que as forças nucleares da Rússia passassem para um estado de alerta mais alto, um “regime especial de combate”.
A invasão russa da Crimeia em 2014 e a invasão atual violam o Memorando de Budapeste sobre Garantias de Segurança de 1994, assinado por Estados Unidos, Rússia e Reino Unido.
O acordo ampliou garantias de segurança sobre ameaças contra a independência da Ucrânia. Em troca, a Ucrânia aderiu ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear de 1968 e devolveu à Rússia as 1.900 ogivas nucleares que herdara da União Soviética.
A Ucrânia não tinha controle operacional das armas nucleares soviéticas localizadas em seu território, e nem condições de garantir sua segurança. Portanto, argumentos de que uma Ucrânia com armas nucleares seria mais segura não têm sentido.
A situação na Ucrânia é muito grave, e exige bom senso, cautela e extremo cuidado dos líderes mundiais.
O risco de que um erro de cálculo possa provocar uma escalada do conflito para uma guerra nuclear é real e imediato.