Se perdermos a liberdade, corremos o risco de perder tudo.
Ainda não se sabe qual é a melhor resposta à pandemia. Não existe consenso no Brasil e nem lá fora. Mas chegou a hora de dizer algumas coisas.
Ainda há pessoas que acham que é preciso fechar tudo até o perigo passar. Mas a maioria dos trabalhadores e empresários já está desesperada. Eles precisam trabalhar para viver.
E o desespero aumenta a cada dia.
Médicos continuam alertando para um possível colapso da saúde. Mas se a economia parar, a saúde vai parar também.
A grande mídia desinforma e apavora com sensacionalismo de viés político, justamente quando mais precisamos de informação.
Enquanto tudo isso acontece, uma ameaça ainda mais terrível surge à nossa frente: a erosão da liberdade que forma a base da democracia.
Se perdermos a liberdade, corremos o risco de perder tudo.
Tudo.
É preciso dizer: a liberdade está sendo afetada não só no Brasil, mas em todo o mundo, por medidas de combate à pandemia.
Há duas formas de julgar essas medidas. A primeira é quanto ao seu impacto. A pergunta é: os benefícios serão maiores que os custos?
Vale a pena matar alguém de fome para salvá-lo do vírus?
A segunda forma de julgar uma medida é quanto à sua legalidade: a medida é permitida pelo ordenamento jurídico do Estado de Direito ?
Há muitos atos para os quais é fácil responder: não e não. São medidas de eficácia duvidosa e claramente ilegais.
Liberdade de ir e vir e liberdade de expressão deveriam ser inegociáveis. Quem troca sua liberdade por saúde não terá nem uma coisa e nem outra.
Um ato inconstitucional não se torna legal só porque uma autoridade o considera necessário.
Não importa quem seja a autoridade.
Algumas coisas saltam aos olhos: primeiro, alguns grupos que sempre gritaram em defesa de direitos humanos agora apoiam, sem qualquer pudor, medidas que ferem direitos básicos.
Segundo, a destruição da economia cria uma legião de dependentes do Estado. A história mostrou que essa dependência, uma vez criada, dura muito tempo.
Terceiro, a supressão da liberdade de expressão e a disseminação do pânico criam o ambiente perfeito para a proliferação do vírus da corrupção.
E por último, é espantosa a avidez com que legisladores, eleitos pelo voto, propõem e medidas restritivas de liberdade dos seus próprios eleitores.
O momento é de busca de um equilíbrio difícil, talvez impossível.
O desafio dos homens públicos em posições de comando é imenso.
Ninguém pode ficar de braços cruzados assistindo à pandemia.
Mas isso não nos impede de soar o alerta: já estamos diante de uma tragédia social e econômica; não podemos transformá-la em uma tragédia moral e política.