Uma sociedade que não respeita suas instituições não tem futuro.
Douglass North, prêmio Nobel de economia, já explicou: instituições são as regras da vida em sociedade. Na história recente do Brasil predominou o desprezo por nossas instituições mais básicas como leis, regulamentos, posturas urbanas e regras de convívio social.
Nas nossas cidades tudo era permitido, a qualquer hora e em qualquer lugar. Do roubo de carga à venda de mercadorias roubadas, da ocupação das calçadas por desocupados à ocupação de propriedades privadas por “sem teto”.
Vivemos muito tempo no regime do “liberou geral”, imposto pela força do crime organizado, da corrupção ou da incompetência do Estado, e com a complacência e até estímulo de boa parte da mídia.
O criminoso é um “coitadinho” que “não teve oportunidades” e por isso esfaqueia, estupra e mata. Os pedintes profissionais, usuários de droga, fugitivos da lei e doentes psiquiátricos que ocupam nossas calçadas são “população de rua”, e não podem jamais ser removidos contra a sua vontade — ainda que tenham montado acampamento e usem drogas em frente à porta de nossas casas.
Os vândalos que emporcalham e destroem nossos espaços públicos são “artistas”, exercendo seu direito de expressão.
A lista dos erros, agressões e crimes cometidos durante esse período é grande demais para essse texto. A lista de vítimas é gigantesca. Nos transformamos em uma nação de ovelhas, prontos para servir de refeição aos lobos que nos esperam nas ruas, nos ônibus, nas praias, em todos os lugares.
Mas isso começou a mudar. O primeiro sinal foi dado nas urnas. Eu sou parte dessa mudança. Sou parte de um grupo que nunca aceitou viver em um país em decomposição.
Chega. O jogo virou. O país começou a mudar.
Na quinta-feira, 18 de janeiro de 2019, chegou ao conhecimento do Comandante do 23°Batalhão no Leblon um vídeo com imagens de um indivíduo que realizava pichações, no muro do Batalhão, com clara alusão a facções criminosas.
Um trabalho imediato de cooperação entre as Polícias Civil e Militar resultou na localização do autor da depredação, um morador da Rua Ataulfo de Paiva.
Um morador do Leblon.
O “grafiteiro” recebeu voz de prisão e foi autuado simultaneamente por “incitação ou apologia ao crime” (artigo 287 do Código Penal) e “violação ao ordenamento urbano e patrimônio cultural” (artigo 65, da Lei n° 9.605/1998).
As marcas da depredação já foram apagadas e a pintura restaurada.
O Brasil começa a mudar.
O jogo virou.