Progressismo Estrutural: O Curioso Caso das Ovelhas Que Dançam Com Lobos

Progressismo estrutural é a tendência, introduzida sutilmente na sociedade através de décadas de doutrinação e monopólio do discurso no ensino, mídia e cultura, de associar virtude e humanidade com comunismo, socialismo e posições de esquerda.

Ideias totalitárias, antidemocráticas, promotoras do atraso e da pobreza e ofensivas aos direitos fundamentais passam a ser consideradas politicamente corretas e fofas. É daí que se originam o ódio do bem, o racismo do bem e a censura do bem.

Algumas dessas ideias, que hoje fazem parte do discurso dominante, são quase suicidas. É o caso, por exemplo, da ideia do criminoso como um pobre coitado, que não deve ser punido, mas “reabilitado” e “acolhido”, e da ideia de que a culpa pelo crime é “da sociedade” e não do bandido. Essas são as ideias dominantes nas discussões sobre segurança pública.

Pessoas inteligentes, cultas e bem-sucedidas repetem e defendem essas ideias, sem qualquer noção de suas origens, sem entender a quem elas servem ou quais são suas consequências na vida real.

Mas consequências estão na nossa frente: o Brasil vive uma crise de criminalidade sem paralelo no mundo. O mecanismo da justiça criminal, que deveria proteger a sociedade, trabalha hoje para proteger e do cuidar do criminoso. O brasileiro vive com medo. Já chegamos a 63.000 homicídios e 2 milhões de assaltos por ano[i]

Graças ao progressismo estrutural, o brasileiro médio acredita que as causas do crime sem controle são a “miséria” e a “desigualdade”, embora a realidade, as estatísticas e a lógica mostrem o contrário[ii]. Números e lógica perdem para ideologia. O resultado é que o cidadão é assaltado com uma arma na cabeça e sente pena do bandido.

Alguns até consideram o crime uma reação justa de uma classe oprimida – uma ideia que tem sua origem nos próprios escritos de Marx – ignorando o fato de que a maioria dos criminosos têm condição social igual ou melhor do que suas vítimas[iii], e que muitos criminosos violentos, e a maioria dos corruptos, são ricos.

Todos os crimes do qual o brasileiro é vítima hoje – homicídios, assaltos, sequestros, extorsões, roubos e estupros – têm como pano de fundo, incentivando, apoiando, justificando e protegendo o criminoso, as ideias progressistas. São essas ideias que moldaram a legislação penal brasileira.

“Progressismo” é o socialismo descolado, jovem e digital. Mas por qualquer critério moral ou prático, comunismo e socialismo (que no fundo são a mesma coisa) deveriam estar junto com o nazismo e o fascismo na lata de lixo da história. Ao invés disso, essas filosofias fraudulentas e assassinas fazem parte do currículo de nossas melhores escolas, estampam camisetas vendidas a crianças e adolescentes, e estão presentes, de forma subliminar, descolada e atraente, em quase tudo o que consumimos, dos anúncios de fast-food às conversas lacradoras dos reality shows.

A embriaguez coletiva provocada pelo progressismo estrutural nos torna coautores dos piores crimes cometidos contra nós mesmos. A ovelha, intoxicada pelo entorpecente ideológico, abre a porta de casa e convida os lobos para dançar.

Mas, como disse Ayn Rand, “você pode desprezar a realidade, mas não vai conseguir fugir das consequências de desprezar a realidade”.

As mesmas pessoas que acham fofo quando a Constituição fala da “função social da propriedade” – um conceito eminentemente socialista – ficam chocadas quando o IPTU de sua casa aumenta mais de 100%. Mas pensem bem: se seu imóvel tem “função social”, não é mais você que define o seu uso – é o Estado, que pode tirá-lo de você quando quiser. E o que é o IPTU senão expropriação de parte de sua propriedade? Tente não pagar o IPTU para ver o que acontece[iv].

Ano passado testemunhei o inacreditável: uma amiga, gerente de uma multinacional, levou de carro seus dois filhos adultos para que participassem de uma manifestação “antifascista” (você leu certo: Antifa, o movimento extremista de esquerda).

Por volta da mesma época, muitas crianças – algumas encorajadas pelos próprios pais – fizeram um “protesto contra o racismo” trocando as fotos do seu Tik Tok pelo símbolo do punho fechado – o mesmo gesto popularizado por terroristas, extremistas e ditadores assassinos.

Testemunhei uma professora ensinando a seus alunos que “não existe racismo de preto contra branco” porque “racismo só pode vir da classe dominante”.

Deveríamos gastar tempo e esforço com o enfrentamento dos nossos problemas mais graves: o crime sem controle, a impunidade, a falência da justiça criminal, a extorsão tributária e o inchaço de um estado ineficiente e perdulário. Ao invés disso, o progressismo estrutural impõe espantalhos ideológicos cuja função é desviar a atenção dos problemas reais e servir de escada para levar ao poder lacradores semianalfabetos, ex-BBBs, celebridades milionárias e os mesmos políticos populistas e corruptos de sempre.

O resumo do “progressismo” é a retórica tatibitate dos radicais de rede social, que reduziram o debate político a uma troca de truculência, desinformação e memes.

O resumo do Brasil progressista é esse: vivemos em um país onde é muito mais provável alguém ser preso por injúria racial do que por ter cometido um assassinato.

 

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NOTAS:

[i] O número verdadeiro é, com certeza, muito maior, já que a maioria esmagadora das vítimas não faz registro em delegacias. Vale lembrar que apenas 1.8% desses assaltos são esclarecidos.

[ii] Basta observar que a maioria absoluta dos moradores de uma favela é de gente honesta e trabalhadora. Em 1980 nosso PIB per capita era de 2.000 dólares e tivemos uma taxa de 11.7 homicídios por 100 mil habitantes. Em 2011, o PIB per capita mais do que dobrou comparado com 1980 (já descontada a inflação do dólar). Ficamos 2 vezes mais ricos. Nesse mesmo ano a taxa de homicídios chegou a 27 por 100 mil habitantes. Ela triplicou! Entre 2003 e 2015 o índice Gini, que mede a desigualdade, caiu 15% – ou seja, a desigualdade diminuiu. Nesse período a taxa de homicídios permaneceu praticamente a mesma, e o número de homicídios aumentou 45%. A taxa de homicídios da Índia, país campeão de pobreza, desigualdade e conflito religioso, é 10 VEZES MENOR do que a do Brasil.

[iii] Vejam o trabalho pioneiro no Brasil do Professor Pery Shikida, que descobriu, em suas pesquisas científicas em presídios, que 50% dos criminosos presos por crimes econômicos – assalto, sequestro, roubo e extorsão – possuíam imóveis em seu nome no momento do crime. Fonte: Revista da AMDE, www.revista.amde.org.br/index.php/ramde/article/download/8/7

[iv] Ao contrário do que muitos pensam, o dinheiro do IPTU não é destinado exclusivamente a melhorias nas ruas e praças. No Brasil os impostos são “não vinculados”. O Estado cria um imposto com um fato gerador específico (ex: propriedade de imóvel ou de carro), mas vai tudo para um mesmo caixa geral. O Estado pode usar o dinheiro para o que ele quiser. Diferente dos EUA, por exemplo, onde o dinheiro do IPTU vai só para pagar as escolas públicas. O Brasil não é para amadores.

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