Roberto Motta https://www.robertobmotta.com.br/ Tue, 31 May 2022 08:19:14 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.7.1 https://www.robertobmotta.com.br/wp-content/uploads/2021/01/cropped-android-chrome-512x512-1-3-32x32.png Roberto Motta https://www.robertobmotta.com.br/ 32 32 Uma Breve História das Revoluções https://www.robertobmotta.com.br/artigos/uma-breve-historia-das-revolucoes/ Tue, 31 May 2022 08:19:14 +0000 https://www.robertobmotta.com.br/?p=4930

Partidos comunistas e socialistas trabalham pela implantação do socialismo e do comunismo, que são dois nomes para a mesma ideologia nefasta. Essa é a essência da esquerda. O termo esquerda vem das posições em que se sentavam os grupos políticos nas reuniões dos Estados Gerais na França, em 1789. Quem era a favor do Rei [...]

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Partidos comunistas e socialistas trabalham pela implantação do socialismo e do comunismo, que são dois nomes para a mesma ideologia nefasta. Essa é a essência da esquerda.

O termo esquerda vem das posições em que se sentavam os grupos políticos nas reuniões dos Estados Gerais na França, em 1789.

Quem era a favor do Rei no poder sentava-se à direita. Quem era a favor da mudança – da revolução – sentava-se à esquerda.

Vem daí a associação da expressão esquerda com mudança e revolução. Mas mudanças nem sempre são para melhor.

O maior exemplo vem da própria Revolução Francesa, que começou com Liberdade, Igualdade e Fraternidade e terminou em uma matança generalizada. A revolução cortou os pescoços dos seus próprios filhos.

Isso SEMPRE acontece nas revoluções de esquerda.

O final da Revolução Francesa, aliás, foi a ascensão de um imperador, Napoleão, que espalharia guerra e destruição por toda a Europa.

Com a queda de Napoleão, voltou a monarquia na França.

Rios de sangue derramados para nada.

Falemos de outras revoluções.

A mais antiga talvez tenha sido a que gerou a Magna Carta, na Inglaterra. Não foi propriamente uma revolução; um grupo de senhores feudais produziu um documento limitando o poder do rei.

Não houve sangue e nem rolar de cabeças, mas criaram-se as bases de sociedades livres e modernas.

Alguns anos depois aconteceu a Guerra Civil Inglesa, na qual as forças do Parlamento lutaram contra as forças do Rei. O Rei foi derrotado e decapitado, e Oliver Cromwell foi proclamado lorde protetor.

Mas a República inglesa durou pouco, e foi seguida pela restauração da Monarquia e, alguns anos depois pela Revolução Gloriosa em 1688, que consolidou o Parlamento como principal força política.

Talvez a revolução mais importante da história tenha sido a Revolução Americana.

As 13 colônias inglesas da América do Norte, depois de protestar durante anos contra as medidas restritivas da liberdade e o aumento de impostos, resolveram se libertar da Inglaterra.

A declaração de independência americana, escrita em 1776, inspirou e ainda inspira o sonho de liberdade ao redor do mundo. Russel Kirk diz que ele é o documento conservador mais bem-sucedido da história da humanidade.

A próxima revolução na nossa lista é a Revolução Russa de 1917.

Marx previu que o comunismo eclodiria nos países industrializados, como consequência da exploração do sistema capitalista e do empobrecimento dos trabalhadores.

Mas a revolução explodiu na Rússia, um país atrasado e agrário, como consequência do regime tirânico dos Czares e das atividades revolucionárias de ativistas como Lenin, auxiliados por outros países.

Lenin estava exilado em Paris e foi levado de volta à Rússia em um vagão de trem blindado fornecido pela Alemanha. A Europa estava no meio da Primeira Guerra Mundial, e interessava à Alemanha que a Rússia se retirasse do conflito.

Por isso a Alemanha ajudou Lênin.

Que erro monstruoso.

A tirania dos Czares foi substituída pela tirania vermelha, e o mundo nunca mais foi o mesmo.

A próxima revolução foi a Chinesa.

O comunista Mao Tsé-Tung conquistou o poder em 1949, após derrotar os nacionalistas liderados por Chiang Kai-Check.

Chiang Kai-Check também não era flor que se cheire; era um líder com tendências autoritárias, que acabou fugindo com suas tropas para Taiwan, onde criou um regime baseado em repressão política.

Até hoje, no mundo inteiro, o comunismo significou terror, opressão, morte e destruição para milhões de pessoas.

O comunismo não foi, como Marx previa, implantado nos países desenvolvidos, mas sim em países atrasados econômica e politicamente.

E SEMPRE fracassou.

Esse fracasso foi o resultado das contradições de um sistema que pregava a igualdade e a solidariedade, mas que sempre criou uma pequena casta que vivia vida de luxo e poder enquanto a maioria permanecia escravizada, ignorante e faminta.

O economista húngaro Janos Kornai diz que a pobreza, a grande desigualdade, a opressão brutal e a guerra seguidos por uma profunda crise na sociedade, é que provocam a revolução e permitem aos comunistas chegar ao poder.

“O fato histórico é que nenhum sistema socialista jamais foi colocado no poder por forças internas, em qualquer país capitalista desenvolvido”, diz Janos Kornai (1).

Em outras palavras: nenhum povo jamais escolheu o comunismo. Ele sempre foi imposto.

Depois das revoluções comunistas nada muda.

Diz Janos: “fica claro que o socialismo não tem nenhuma superioridade sobre o sistema capitalista em tornar realidade valores como igualdade e solidariedade”.

E acrescenta: “em relação a outros valores fundamentais, como bem-estar social, eficiência e liberdade, o sistema socialista não chega nem perto das realizações dos sistemas capitalistas modernos e desenvolvidos”.

Comunismo e socialismo são fraudes intelectuais, que só chegam ao poder – e se mantém lá – através de mentiras, opressão e tirania.

E isso precisa ser denunciado, e explicado, todos os dias.

Roberto Motta

(1) Kornai, Janos. The Socialist System, Princeton University Press, 1992, p.28

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A Teoria da Dependência e a Institucionalização do Atraso https://www.robertobmotta.com.br/artigos/a-teoria-da-dependencia-e-a-institucionalizacao-do-atraso/ Tue, 31 May 2022 08:15:03 +0000 https://www.robertobmotta.com.br/?p=4927

Em 1800 o PIB per capita brasileiro era igual ao americano. Em 1913 o PIB americano já era sete vezes maior que o brasileiro (1). Tivemos crescimento econômico quase zero no século XIX. Foi ali que o Brasil ficou para trás. Ao contrário do que aconteceu nos EUA, nossa independência em 1822 não abriu as [...]

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Em 1800 o PIB per capita brasileiro era igual ao americano. Em 1913 o PIB americano já era sete vezes maior que o brasileiro (1). Tivemos crescimento econômico quase zero no século XIX. Foi ali que o Brasil ficou para trás.

Ao contrário do que aconteceu nos EUA, nossa independência em 1822 não abriu as portas para a industrialização da economia. Permanecemos com uma economia agrária, de baixa produtividade.

O transporte era inexistente. A inexistência de mercados de crédito e capital impossibilitava aos empreendedores importar tecnologia para a indústria.

Nossa economia e nossas finanças públicas dependiam da exportação de algodão e açúcar e, posteriormente, de café. Essa situação só começou a mudar na última década do século XIX, com a (lenta) introdução das ferrovias e a queda do custo de transporte.

O atraso no desenvolvimento do Brasil no século XIX foi causado pelas características intrínsecas da economia brasileira. A culpa foi exclusivamente nossa.

Tudo isso está documentado.

Mas alguns de nossos historiadores, antropólogos, sociólogos e economistas preferiram ignorar os dados históricos e criaram a Teoria da Dependência.

Essa teoria culpa os países desenvolvidos pelo nosso atraso.

Essa escola de pensamento, da qual fizeram parte intelectuais celebrados como Celso Furtado, rejeita o uso sistemático de dados quantitativos para testar hipóteses. E vai mais além: alguns de seus teóricos argumentam que as leis econômicas que regem as economias desenvolvidas não se aplicam aos países em desenvolvimento.

Somos subdesenvolvidos porque isso interessa aos países do primeiro mundo, diz a teoria. A única saída é uma revolução popular que elimine a burguesia e instale o socialismo, eliminando a nossa “dependência” dos países desenvolvidos.

Parece piada. Mas é sério.

A Teoria da Dependência afirma que o comércio internacional é a causa de nossa pobreza – ao contrário do que mostra toda a história da humanidade.

É esse raciocínio que criou a política de “substituição de importações” – aquela que ainda faz o brasileiro pagar uma fortuna por lixo made in Brazil, em vez de importar tecnologia de primeira linha, o que aumentaria a produtividade, geraria riqueza e espalharia progresso pela economia.

É esse raciocínio que diz que você só pode trazer 1.000 dólares em mercadoria de uma viagem ao exterior (até pouco tempo o limite era de 500 dólares).

É esse raciocínio que nos deu o iPhone mais caro do mundo.

A Teoria da Dependência é inconsistente com os dados econômicos e não consegue explicar a evolução histórica da nossa economia. Mesmo assim, a Teoria da Dependência ainda é a base dos estudos históricos econômicos na América Latina e está entranhada nos livros-texto de nossas escolas e universidades.

Uma mentira repetida mil vezes vira verdade.

O comércio exterior é uma das maiores fontes de enriquecimento das nações.

Exportando aquilo que fazem melhor e importando aquilo que, por várias razões, não conseguem produzir com eficiência, os países melhoram as condições de vida de suas populações e caminham em direção ao desenvolvimento.

A Teoria da Dependência disseminou em nossa cultura um preconceito profundo contra o comércio internacional.

As raízes criadas por essa visão ideologizada do comércio explicam o desempenho medíocre do Brasil no cenário internacional: somando importações e exportações, o total do nosso comércio internacional corresponde a menos de 30% do Produto Interno Bruto, enquanto em países como China, Índia, México e Rússia essa participação está acima de 50% e no Chile ultrapassa os 70%.

No Brasil, exportar e importar envolvem muita burocracia e o Estado é sempre um elemento complicador. Enquanto o custo de exportar um container é de 620 dólares na China, de 1.450 no México e de 1.650 na Argentina, no Brasil esse custo ultrapassa os 2.200 dólares.

Importações continuam sendo vistas, em nossa cultura e por nossos homens públicos, como algo negativo, a ser evitado a todo custo.

Isso cria inúmeras oportunidades para a criação de tarifas de proteção de mercado que, na verdade, protegem apenas alguns produtores à custa de toda a sociedade, que é forçada a pagar mais caro por produtos inferiores fabricados no Brasil.

Essa fabricação nacional, muitas vezes, consiste apenas em encaixar peças importadas e colocar uma plaquinha made in Brazil.

A falácia dessa visão negativa do comércio exterior e das importações já foi desmistificada por Henry Hazlitt em Economia em Uma Só Lição (2):

A única coisa que supera o medo de importar, que afeta todas as nações, é o desejo patológico de exportar. Nada pode ser mais inconsistente do ponto de vista lógico. A longo prazo, exportações e importações devem se igualar. São as exportações que pagam pelas importações e vice-versa […] […] como John Stuart Mill demonstrou com tanta clareza, o verdadeiro ganho do comércio exterior para o país não está nas exportações, mas nas importações. É através delas que os consumidores conseguem comprar no exterior produtos a preços melhores do que seria possível comprar de produtores nacionais, ou produtos que não existem no país. A verdadeira razão pela qual um país exporta é para pagar por suas importações.

O comércio exterior continua sendo visto como uma relação em que existe um ganhador e um perdedor. Mas, como diz Thomas Sowell (3):

Comércio internacional não é um jogo de soma zero. As duas partes têm que ganhar, ou o comércio não faria sentido. Não há necessidade de especialistas ou de burocratas do governo determinarem se ambos os lados estão ganhando. A maior parte do comércio exterior, como a maior parte do comércio doméstico, é realizada por milhões de indivíduos, e cada um deles pode decidir se o item comprado vale o que custa e se é um produto melhor do que itens alternativos oferecidos por outros vendedores.

Graças à Teoria da Dependência, há muitas décadas os consumidores brasileiros estão sujeitos a políticas de substituição de importações, principalmente na forma de tarifas que tornam a compra de produtos importados – seja um carro, uma máquina ou um serviço – muito mais cara. Sobre as tarifas diz Sowell (4):

Uma tarifa protecionista ou qualquer outro tipo de restrição à importação pode dar alívio imediato a uma determinada indústria e, portanto, receber o apoio político e financeiro das empresas e sindicatos daquele ramo. Entretanto, como muitos benefícios políticos, esse também é obtido à custa de outras indústrias e outros cidadãos que não são tão organizados, visíveis ou articulados.

 

NOTAS

(1) How Latin America Fell Behind: Essays on the Economic Histories of Brazil and Mexico, 1800-1914, Stanford University Press, 1997, p. 1.

(2) Henry Hazlitt, Economics in One Lesson, Three Rivers Press, 1979, p. 85 e p. 89.

(3) Thomas Sowell, Basic Economics, Basic Books, Fifth Edition, p. 475.

(4) Sowell, p. 491 e p. 447.

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A Importância da Leitura https://www.robertobmotta.com.br/artigos/a-importancia-da-leitura/ Tue, 31 May 2022 08:01:37 +0000 https://www.robertobmotta.com.br/?p=4922

Quando você lê um bom autor, é como se você escutasse o pensamento de outra pessoa. Não é só o conteúdo que importa, mas também a forma da escrita – as estruturas de linguagem utilizadas para articular pensamentos, sentimentos e impressões sobre o mundo que nos cerca. Quando você lê um bom livro, você não [...]

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Quando você lê um bom autor, é como se você escutasse o pensamento de outra pessoa.

Não é só o conteúdo que importa, mas também a forma da escrita – as estruturas de linguagem utilizadas para articular pensamentos, sentimentos e impressões sobre o mundo que nos cerca.

Quando você lê um bom livro, você não aumenta só seu vocabulário; você aumenta também o seu arsenal de ferramentas usadas para articular, expressar e explicar aos outros a realidade que você percebe.

Isso é incrivelmente importante.

Tudo o que pensamos, nós pensamos em palavras. Escute seus pensamentos por alguns minutos: você está falando alto com você mesmo.

Nossos sentimentos e ações são primeiro expressos em palavras, antes que se tornem realidade. O que nós não conseguimos articular, nós não conseguimos entender. O que nós não conseguimos articular, nós não conseguimos criar.

As palavras são o principal veículo do autoconhecimento. Além disso, a literatura – a boa literatura – nos dá uma janela para a experiência de vida dos outros. Ela nos permite desenvolver o que se chama de imaginação moral, a capacidade de compreender experiências vividas por terceiros sem que nós tenhamos, um dia, vivido essas mesmas experiências.

Por isso é importante ler também literatura de ficção – contos e romances. Um bom romance é sempre criado a partir de fatias da realidade e da experiência do seu autor.

A boa literatura funciona, ao mesmo tempo, como um espelho da nossa experiência e como um tutor, um guia que nos leva por caminhos que, na nossa própria experiência e rotina, nós nunca iríamos percorrer.

Por tudo isso, ler é uma experiência completamente diferente de assistir a um filme ou ouvir um podcast. A atividade de leitura exercita e desenvolve a construção de estruturas lógicas de pensamento que permaneceram depois que o conteúdo da leitura – que a narrativa – já tiver sumido de nossa memória.

Ler é muito mais do que acompanhar uma história ou uma descrição de fatos ou argumentos. Ler é exercitar as funções cognitivas mais importantes para o nosso desenvolvimento intelectual, social e emocional.

Gostar de ler é uma dádiva, mas é um gosto que pode ser desenvolvido.

Leia mais. Leia muito. Leia sempre.

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Me Chame do Que Você É: Os Disfarces do Totalitarismo https://www.robertobmotta.com.br/artigos/me-chame-do-que-voce-e-os-disfarces-do-totalitarismo/ Tue, 31 May 2022 07:57:49 +0000 https://www.robertobmotta.com.br/?p=4917

Ler a maioria dos jornais brasileiros, americanos e europeus é fazer uma descoberta surpreendente: parece que não existem mais partidos ou políticos de esquerda. Todos os partidos e políticos de esquerda agora são chamados de “centro” ou “centro-esquerda”. Acabaram também as forças políticas de direita. Agora, quem não é de esquerda é automaticamente chamado de [...]

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Ler a maioria dos jornais brasileiros, americanos e europeus é fazer uma descoberta surpreendente: parece que não existem mais partidos ou políticos de esquerda.

Todos os partidos e políticos de esquerda agora são chamados de “centro” ou “centro-esquerda”.

Acabaram também as forças políticas de direita. Agora, quem não é de esquerda é automaticamente chamado de extrema-direita.

Isso é uma pirueta ideológica absurda, incompatível com o verdadeiro jornalismo e com o que mostra a história.

Vamos explicar:

Assinatura do Pacto Molotov–Ribbentrop entre Stalin e a Alemanha nazista

O mundo é hoje dividido entre duas visões de organização política, econômica, social e moral da sociedade: a esquerda e a direita.

Nas democracias modernas, a esquerda é formada pelos comunistas, socialistas e social-democratas.

Nessas democracias, a direita é formada pelas forças que se opõem à esquerda: conservadores, liberais e libertários.

E os extremos?

A extrema-esquerda é formada pelos elementos radicais de esquerda, que também são socialistas ou comunistas.

A diferença entre a esquerda e a extrema-esquerda não é de natureza, é de intensidade. Dizendo de outra forma: a extrema-esquerda quer exatamente as mesmas coisas que a esquerda – partido único, ditadura do proletariado, fim da propriedade privada, coletivização e estatização da economia. A diferença é que, enquanto a esquerda obedece – mais ou menos – às regras do jogo democrático (até chegar ao poder, claro) a extrema-esquerda pratica abertamente diversas formas de violência, como ameaças a opositores, distúrbios de rua, “ocupações”, assassinatos, terrorismo e guerrilha (o enfrentamento armado ao Estado).

Mas a diferença entre a direita e o que se convencionou chamar de “extrema-direita” não é de intensidade, mas de natureza. É fácil constatar isso: a direita moderna é formada por conservadores, liberais e libertários. Todas essas correntes de pensamento têm como foco o indivíduo. Todas elas consideram os direitos à vida, à liberdade e à propriedade como direitos naturais sagrados. Todas pregam um Estado enxuto, cuja função principal é garantir os direitos do indivíduo e interferir o mínimo possível na vida e na iniciativa privadas. Isso é exatamente o oposto do que pregam as ideologias chamadas de “extrema-direita”: fascismo e nazismo.

Isso leva muitas pessoas a perguntar como fascismo e nazismo podem ser “de direita” se o seu ideário – totalitário, ultraviolento, coletivista e adorador do Estado – nada tem a ver com o ideário dos conservadores, liberais ou libertários que formam a direita.

Isso leva pensadores a questionar se fascismo e nazismo têm, realmente, algo a ver com a direita, ou se são, na verdade, simples variantes do totalitarismo de esquerda. Por exemplo, no seu livro “Sobre Moeda e Inflação”, o economista Ludwig von Mises se refere ao “nacional-socialismo” como “a versão alemã do comunismo”[1].

Essa linha de argumentação encontra sustentação em elementos inquestionáveis: as inúmeras semelhanças entre as doutrinas fascista e comunista; o passado socialista de Mussolini, o líder italiano inspirador do fascismo; e o fato histórico, facilmente comprovável, de que nazismo é uma abreviatura do termo alemão que significa “nacional-socialismo”, ou socialismo nacional. O nome completo do partido nazista alemão era Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. O nome diz tudo. Por que algum partido se denominaria socialista, se não o fosse?

Confirmações dessa tese vêm de locais improváveis, como o livro Regras Para Radicais, do ativista americano de esquerda Saul Alinsky, guru de toda a esquerda moderna. Alinsky admite que “alguns grupos da extrema-esquerda foram tão longe no círculo político que se tornaram indistinguíveis da extrema-direita[2]”. Exatamente: isso acontece porque a “extrema-direita” é, na verdade, uma mera variante da extrema-esquerda.

É fácil perceber os inúmeros pontos em comum entre os regimes comunistas e fascistas: glorificação do Estado, desprezo pelo indivíduo e seus direitos, coletivização forçada, partido único e uso da violência – campos de concentração, tortura, tribunais de exceção, assassinato de opositores – como instrumento de ação política. A única diferença entre o fascismo e o comunismo é que o fascismo mata em nome da “raça” enquanto o comunismo mata em nome da “classe”.

Para quem é assassinado, isso não faz diferença alguma.

O confronto entre comunismo e fascismo, segundo a opinião de muitos, longe de representar um conflito entre ideologias opostas, seria apenas a disputa monstruosa entre dois regimes totalitários assassinos, competindo pelo monopólio do poder[3]. É um fato histórico a aliança entre comunistas soviéticos e nazistas alemães no início da Segunda Guerra Mundial. Através da assinatura do pacto Ribbentrop-Molotov comunistas e nazistas dividiram a Europa entre eles. Vale lembrar que o pacto foi finalmente violado pela Alemanha. Se dependesse dos comunistas, a aliança com os nazistas teria perdurado até hoje.

Fascismo não é o oposto, e muito menos o contrário, do comunismo; na verdade, é sua alma gêmea. Fascismo e comunismo são monstros gerados do mesmo ovo de serpente. Ambos têm o mesmo objetivo; colocar no poder um pequeno grupo que goza de poder absoluto, enquanto a maioria da sociedade é reduzida à servidão e à pobreza mais absoluta.

Fascismo e nazismo nada têm a ver com o pensamento da direita moderna – o pensamento liberal de Hayek e Mises, o pensamento conservador de Burke e Kirk ou as ideias libertárias de Walter Block e Hans-Hermann Hope. Ao contrário: os maiores oponentes dos regimes totalitários, nos dias de hoje, são exatamente os liberais e os conservadores (no campo político, principalmente esses últimos).

Repetindo: as pautas principais da direita moderna são a defesa da liberdade, da autonomia e da independência do indivíduo, a defesa dos direitos naturais – principalmente direito à vida, à propriedade e à autodefesa – e a rejeição a todo tipo de tirania e coletivismo. Portanto, diz a lógica mais básica, nenhum movimento político que viole esses princípios pode ser considerado “de direita”. Por definição, não existe liberal ou conservador extremista.

Por isso, da próxima vez que um comunista usar os crimes do fascismo para atacar a direita, explique isso a ele: fascismo nada tem a ver com direita. Fascismo é um regime totalitário nascido da costela do comunismo, ao qual está ligado por ideias, políticas, líderes e crimes.

Fascismo, nazismo, comunismo e socialismo são ideologias totalitárias, promotoras do extremismo, do atraso e da miséria, nascidas no mesmo berço e que pertencem à lata de lixo da história.

Como disse Francis Fukuyama em um recente artigo para o The Wall Street Journal, “todos os anos, centenas de milhares de pessoas – às vezes milhões – deixam países pobres, violentos e mal-governados em busca de uma vida melhor. Seu destino de escolha nunca é a China, a Rússia ou a Venezuela. Em vez disso, eles procuram sociedades liberais bem governadas, onde seus filhos terão maior liberdade e oportunidade[4]’.

[1] Mises, Ludwig v.; Sobre Moeda e Inflação, LVM Editora, 2017, p.116.

[2] Alisnky, Saul. Rules for Radicais, Vintage Books, 1989, p.xxii.

[3] Uma descrição da catástrofe que resulta desse embate pode ser encontrada no livro Berlin 1945, que descreve os últimos dias da Segunda Guerra Mundial, quando o Exército Vermelho da União Soviética invadiu a Alemanha e ocupou Berlin.

[4] https://www.wsj.com/articles/the-long-arc-of-historical-progress-11651244262?page=1

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A Guerra ao Rio de Janeiro https://www.robertobmotta.com.br/artigos/a-guerra-ao-rio-de-janeiro/ Tue, 31 May 2022 07:49:12 +0000 https://www.robertobmotta.com.br/?p=4913

O Rio de Janeiro é alvo de um ataque permanente, organizado por extremistas de esquerda, pelo populismo corrupto e pelo crime organizado e desorganizado. A disposição de jogar o Rio no caos encontra apoio no projeto esquerdista de destruição da justiça criminal brasileira, em andamento desde meados dos anos 1980. O capítulo mais recente dessa [...]

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O Rio de Janeiro é alvo de um ataque permanente, organizado por extremistas de esquerda, pelo populismo corrupto e pelo crime organizado e desorganizado.

A disposição de jogar o Rio no caos encontra apoio no projeto esquerdista de destruição da justiça criminal brasileira, em andamento desde meados dos anos 1980.

O capítulo mais recente dessa história, escrito em 2020, foi a suspensão das operações policiais nas comunidades por “razões sanitárias”.

É isso mesmo que você leu. O mais elevado tribunal do país determinou que a polícia do Rio só pode realizar operações em caso de “extrema necessidade” e com aviso prévio.

Quem mora no Rio sabe que bandidos realizam operações com frequência e sem aviso. Com a suspensão das operações policiais, esses criminosos – principalmente as tropas do narcotráfico, compostas por sociopatas sem moral, ética, empatia ou vergonha – perderam qualquer limite.

As 1.400 comunidades do Rio viraram refúgio para criminosos de todo país. É difícil imaginar que esse resultado não fosse imaginado pelas pessoas responsáveis pela decisão de suspender as operações.

Essa suspensão foi determinada em resposta a uma ação proposta ao STF pelo Partido Socialista Brasileiro, apoiado pela Defensoria Pública do Estado do Rio e por uma série de ONGs do lucrativo e midiático ecossistema dos “direitos humanos”.

E cariocas e fluminenses que se explodam. A polícia e o governo do estado que se virem. Os moradores das comunidades que abaixem a cabeça e sirvam de bucha de canhão para o narcotráfico. Esse é o resumo, em português claro, da mensagem enviada por essa decisão.

Uma das consequências foi o fortalecimento das facções do narcotráfico que mantêm, no Rio, suas bases logísticas. Operações policiais recentes, uma no Jacarezinho e outra na Vila Cruzeiro, ao invés de encontrar criminosos, encontraram batalhões de narco guerrilheiros armados com granadas e fuzis, e usando roupas táticas e botas de combate.

Foi grande o número de criminosos mortos, como seria inevitável. As equipes que conduziram essas operações, a CORE e o BOPE são, provavelmente, as duas equipes mais bem treinadas da polícia no Brasil.

Sorte nossa, azar dos traficantes e vergonha para o Rio.

Nada é mais impressionante, nesse cenário, do que a apatia da maioria dos políticos e a quase totalidade das lideranças civis, empresariais, culturais e de mídia do Rio de Janeiro.

Para infinita vergonha do cidadão de bem, a maioria das figuras de relevo da sociedade do Rio escolheu a indiferença e o silêncio – ou, pior ainda, embarcou na nave insensata da bandidolatria.

Esse grupo, liderado por “especialistas” que nada sabem, aplaudiu a suspensão das operações e chorou a morte dos bandidos, acusando os policiais de cometerem “chacina” e até apoiando a construção de um inacreditável monumento em memória dos criminosos do Jacarezinho.

Esse comportamento sinaliza mais do que apatia, covardia, oportunismo político e falta de discernimento moral.  Ele mostra que a destruição da justiça criminal brasileira –parte central do projeto político de poder da extrema esquerda – encontrou no Rio de Janeiro seu solo mais fértil.

O cenário diante de nós é trágico.

Temos um Congresso ineficaz na produção de legislação penal, um Judiciário cada vez mais dominado pelo ativismo judicial de caráter político-partidário, e a presença, em posições chaves da República, de extremistas de esquerda obcecados com o poder totalitário a qualquer custo.

As únicas luzes no fim do túnel são um Presidente da República que se posiciona de maneira firme em clara, em defesa da lei e da ordem, e a existência de forças policiais, civis e militares, que nos protegem do caos absoluto.

Somos salvos por essa polícia, bem-preparada e combativa, que a despeito de tudo e de todos, se mantém fiel à sua missão.

Se o Rio de Janeiro ainda não mergulhou no caos completo – levando, junto, uma boa parte do Brasil – é devido a esses policiais.

É a eles que devemos saudações e as mais altas honrarias.

Parabéns aos policiais do Rio de Janeiro. Parabéns ao BOPE e à CORE.

Força e honra.

Falcão sempre.

E que a elite do Rio de Janeiro consiga, um dia, superar a covardia, a deficiência moral e a apatia.

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A Geopolítica dos Covardes: 4 Cenários Para a Ucrânia https://www.robertobmotta.com.br/artigos/a-geopolitica-dos-covardes-4-cenarios-para-a-ucrania/ Sun, 13 Mar 2022 21:03:37 +0000 https://www.robertobmotta.com.br/?p=4397

É possível imaginar pelo menos quatro cenários possíveis para o desenrolar da crise da Ucrânia. Cenário 1: Vitória da Rússia. Nesse cenário, a Ucrânia não consegue resistir à superioridade militar do inimigo. Os EUA e a Europa decidem não correr o risco de envolvimento na guerra. As armas e equipamentos fornecidos pelo Ocidente à Ucrânia [...]

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É possível imaginar pelo menos quatro cenários possíveis para o desenrolar da crise da Ucrânia.

Cenário 1: Vitória da Rússia. Nesse cenário, a Ucrânia não consegue resistir à superioridade militar do inimigo. Os EUA e a Europa decidem não correr o risco de envolvimento na guerra. As armas e equipamentos fornecidos pelo Ocidente à Ucrânia não fazem qualquer diferença (boa parte das armas são desviadas antes mesmo de chegar) e o país não consegue mais suportar a destruição e as mortes. Zelensky é morto ou decide pela rendição e exílio. Um novo grupo favorável à Rússia assume o poder. A força de Putin se amplia, e com ela as ameaças aos países vizinhos. As relações da Rússia com o ocidente permanecem tensas e a economia mundial segue instável por um longo período. Considero esse cenário o mais provável.

Cenário 2: Derrota e Retirada. Depois de chegar à conclusão de que não é possível atingir seus objetivos na Ucrânia – sejam eles quais forem – Putin negocia termos minimamente aceitáveis com a Ucrânia e a OTAN e leva suas tropas de volta à Rússia. A economia mundial se recupera aos poucos, à medida que as sanções contra a Rússia são retiradas. Esse cenário parece pouco provável no momento. A superioridade militar da Rússia é esmagadora e está sendo usada por Putin sem qualquer hesitação.

Cenário 3: Guerra Total. A OTAN e a União europeia enviam armas para Ucrânia; essas armas – incluindo jatos de combate – provocam uma resposta da Rússia, o que causa uma escalada na violência do conflito, produzindo grande número de mortes e a devastação do país. A OTAN decide implantar uma zona de exclusão aérea, impedindo a operação de aviões da Rússia sobre a Ucrânia. Por fim, a OTAN envia tropas para Ucrânia. Tudo isso acaba provocando um conflito direto entre o Ocidente e a Rússia. Começa um conflito armado convencional de larga escala na Europa. Não acredito que o conflito evolua para um confronto nuclear, mas, mesmo assim, um conflito desse porte seria um desastre econômico e social, com profundas implicações para o Ocidente. Entre essas implicações estariam, provavelmente, o abandono das pautas progressistas como eixo central da política ocidental, o retorno a uma situação de preocupação maior com segurança militar, energética e alimentar e um redirecionamento dos regimes políticos na direção do autoritarismo populista (como aconteceu entre a primeira e a segunda guerras mundiais). Considero esse cenário o menos provável de todos.

Cenário 4: Vietnã na Ucrânia. Nesse cenário, apesar de não conseguir atingir seus objetivos, Putin decide manter as tropas na Ucrânia como uma força de ocupação. Isso transforma o conflito em uma guerra de baixa intensidade entre o exército russo e forças de guerrilha Ucranianas alimentadas e municiadas pelo Ocidente. As sanções contra Rússia são mantidas o que provoca uma degradação na economia mundial. A ocorrência de uma recessão mundial dependerá da insistência do Ocidente em manter as sanções contra a Rússia.

Em qualquer cenário, não há saída simples e rápida para a crise em que Putin mergulhou o mundo.

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O Risco Nuclear da Ucrânia https://www.robertobmotta.com.br/artigos/o-risco-nuclear-da-ucrania/ Tue, 01 Mar 2022 15:03:52 +0000 https://www.robertobmotta.com.br/?p=4375

Aqui está a verdadeira e imediata ameaça à vida no planeta: ainda existem quase 10.000 (dez mil) armas nucleares nos arsenais de 9 países, prontas para uso. A maioria delas pertence à Rússia e aos EUA, que agora se encontram diante de um conflito potencial na Ucrânia. O número de armas nucleares já chegou a [...]

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Aqui está a verdadeira e imediata ameaça à vida no planeta: ainda existem quase 10.000 (dez mil) armas nucleares nos arsenais de 9 países, prontas para uso. A maioria delas pertence à Rússia e aos EUA, que agora se encontram diante de um conflito potencial na Ucrânia.

O número de armas nucleares já chegou a setenta mil na década de 1980. Apesar da grande redução, Estados Unidos e Rússia ainda possuem mais armas nucleares do que o necessário para destruir um ao outro muitas vezes.

Se os russos ou a OTAN resolverem usar armas nucleares em um conflito na Europa, o resultado poderia ser a transformação de um confronto local em uma guerra nuclear europeia ou uma catástrofe global. Dezenas de milhões de pessoas morreriam nos primeiros minutos dos ataques.

Um estudo de 2002 sobre um conflito entre os Estados Unidos e a Rússia concluiu que, se 350 das ogivas nucleares russas atingissem alvos industriais e militares nos Estados Unidos, entre 70 e 100 milhões de pessoas morreriam nas primeiras horas em explosões e incêndios.

Muitas outras pessoas seriam expostas a doses letais de radiação. Toda a infraestrutura econômica do país seria destruída – a internet, a rede elétrica, o sistema de distribuição de alimentos, o sistema de saúde, o sistema bancário e a rede de transportes.

Nas semanas seguintes a maioria dos que não morreram no ataque inicial morreria de fome, radiação e doenças epidêmicas. Um contra-ataque dos EUA causaria a mesma destruição na Rússia e, se as forças da OTAN estivessem envolvidas, Canadá e Europa teriam destino semelhante.

Estudos científicos indicam que a poeira e as cinzas produzidas por uma guerra nuclear com 100 a 200 explosões criariam um efeito climático – o inverno nuclear – duradouro e catastrófico que devastaria a produção de alimentos e levaria à fome em muitas partes do mundo.

Os presidentes dos EUA e da Rússia têm autoridade exclusiva para autorizar o uso de armas nucleares, o que significa que não precisam da concordância de seus secretários, conselheiros militares ou de outros representantes eleitos do povo.

No meio de seu ataque à Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin, em 27 de fevereiro, ordenou que as forças nucleares da Rússia passassem para um estado de alerta mais alto, um “regime especial de combate”.

A invasão russa da Crimeia em 2014 e a invasão atual violam o Memorando de Budapeste sobre Garantias de Segurança de 1994, assinado por Estados Unidos, Rússia e Reino Unido.

O acordo ampliou garantias de segurança sobre ameaças contra a independência da Ucrânia. Em troca, a Ucrânia aderiu ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear de 1968 e devolveu à Rússia as 1.900 ogivas nucleares que herdara da União Soviética.

A Ucrânia não tinha controle operacional das armas nucleares soviéticas localizadas em seu território, e nem condições de garantir sua segurança. Portanto, argumentos de que uma Ucrânia com armas nucleares seria mais segura não têm sentido.

A situação na Ucrânia é muito grave, e exige bom senso, cautela e extremo cuidado dos líderes mundiais.

O risco de que um erro de cálculo possa provocar uma escalada do conflito para uma guerra nuclear é real e imediato.

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As Brigadas Woke na Guerra de Putin https://www.robertobmotta.com.br/artigos/as-brigadas-woke-na-guerra-de-putin/ Sun, 27 Feb 2022 17:38:43 +0000 https://www.robertobmotta.com.br/?p=4372

A partir do fim da Segunda Guerra Mundial estabeleceu-se no ocidente a crença de que o modelo político chamado de democrático – com voto popular universal (obrigatório no Brasil), governos eleitos periodicamente e três poderes “independentes” – as aspas são sempre necessárias – é a receita universal da paz e da prosperidade, que deve ser [...]

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A partir do fim da Segunda Guerra Mundial estabeleceu-se no ocidente a crença de que o modelo político chamado de democrático – com voto popular universal (obrigatório no Brasil), governos eleitos periodicamente e três poderes “independentes” – as aspas são sempre necessárias – é a receita universal da paz e da prosperidade, que deve ser adotada por todas as nações.

Isso é, claramente, um equívoco.

Há extensas regiões do planeta cujas circunstâncias históricas e características culturais, geográficas e políticas jamais permitirão a adoção desse sistema.

O ocidente já deveria ter aprendido essa lição, por exemplo, no Afeganistão e no Iraque.

Não aprendeu.

Pior: ao mesmo tempo em que esse equívoco intelectual e geopolítico passou a ser aceito como dogma no ocidente, ficava cada vez mais óbvia a captura do modelo “democrático” ocidental por interesses corporativistas e privados.

Acontece diante dos nossos olhos, todos os dias.

Esses interesses usam o Estado como instrumento para extrair riqueza da maioria das pessoas e transferi-la para as mãos dos grupos que controlam o poder político. É daí que nasce o odiado “político profissional” ocidental, o populista cujo único objetivo é ser reeleito a cada quatro anos. Uma vez no poder, ele usará de todos os meios para jamais sair de lá.

O resultado é a degradação do sistema democrático. O que o ocidente tem visto é um Estado cada vez maior e mais perdulário, com dívida pública sempre crescente e aumento contínuo de gastos e impostos – tudo isso para financiar a máquina estatal, sempre operada em benefício dos grupos que a controlam e dos seus amigos.

Isso não acontece só no Brasil.

Esse processo ocorre no mundo todo, embora seja especialmente brutal e visível nos países em desenvolvimento. Neles ainda se alimenta a ilusão de que o “aperfeiçoamento das instituições” resolverá esses problemas; basta atingir o tal “Estado Democrático de Direito” e o cidadão, finalmente, receberá do papai Estado todos os “produtos e serviços gratuitos e de qualidade” aos quais ele tem direito.

Segundo o político populista ocidental moderno, o Estado deve fornecer tudo que o cidadão precisa, do berço ao túmulo. Claro que, para que essa felicidade total seja possível, os políticos e burocratas estatais precisam levar a sua parte.

Esse é um Estado superpoderoso e ultra competente, capaz de supervisionar atividades que vão desde a vida sexual dos seus cidadãos e o que eles aprendem nas escolas até a prevenção de deslizamento de encostas em todas as cidades do país.

Esse Estado é o sonho dos populistas; é o Estado que pode tudo, que concentra toda a riqueza e todo o poder nas mãos de poucos – riqueza e poder que são usados para garantir a vitória nas próximas eleições. Um povo que depende do Estado para tudo é um povo que não tem qualquer direito de escolha – principalmente a escolha de quem comandará o Estado.

Esse processo de transformação do sonho democrático em pesadelo populista já foi brilhantemente descrito por vários autores. Vale a pena ler Democracia, O Deus Que Falhou, de Hans-Hermann Hoppe, A Grande Degeneração, de Niall Ferguson e Além da Democracia, de Frank Karsten e Karel Beckman.

Mas a história fica ainda pior.

Nos últimos anos, o processo de deterioração do modelo democrático foi acelerado por um outro fator: o uso do Estado para a imposição da pauta “woke”.

O movimento “woke” é a mais nova criação do gramcismo cultural, a estratégia de transformação de pautas sociais originalmente legítimas e importantes em fantoches ideológicos cuja missão é promover conflitos entre grupos e disseminar conceitos marxistas revolucionários de forma subliminar. O objetivo final, como sempre, é destruir o sistema “capitalista opressor” e substituí-lo pela inalcançável e sempre mortal fantasia socialista.

O movimento “woke” exige um esforço organizado de invasão da esfera do comportamento privado para impor padrões de pensamento e comportamento considerados “corretos” por alguma autoridade central invisível.

O “woke” exige que o “Estado Democrático de Direito” invada a vida privada individual promovendo criminalização de opinião, censura e autocensura, ativismo judicial (para a produção de “leis” que nunca foram votadas por parlamentos) e realizando um patrulhamento minucioso do discurso público.

O pior aspecto da tirania “woke” é a manufatura contínua de novas exigências intelectuais, psicológicas e comportamentais que transformam a vida do cidadão comum em um balé em torno do abismo. É impossível saber que tipo de comportamento passou a ser proibido e que nova palavra ou slogan passou a ser de uso obrigatório. Um único “erro” pode significar difamação, exclusão social, desemprego e até penalização criminal.

Nem as empresas privadas escaparam da infecção woke; seus departamentos de marketing não têm mais como missão divulgar e vender produtos e serviços; sua missão agora é moldar um novo cidadão democrático, cujo pensamento, comportamento, expressão sensual e até linguagem precisam ser permanentemente monitorados e ajustados.

A mensagem mais comum desse moderno marketing woke – como vimos recentemente na propaganda de bancos, lanchonetes e até academias – é um anúncio que humilha e ofende de forma grosseira seus próprios clientes.

Esse é, portanto, um resumo rápido do ocidente moderno: o modelo “democrático”, baseado no voto “popular”, produziu um Estado que trabalha para si mesmo, extraindo riqueza cada vez maior da população em geral e a concentrando nas mãos de oligarcas e políticos profissionais.

Com a onda “woke”, esse Estado – ajudado pelas corporações que dele dependem – passou a exigir também subserviência moral e comportamental de seus vassalos – opa, quer dizer, cidadãos – traindo a narrativa essencial e original da democracia.

Esse é, obviamente, um modelo insustentável.

O que vem a seguir, ninguém consegue dizer. Mas uma observação atenta dos acontecimentos na Ucrânia pode ajudar a desfazer as ilusões perigosas com a qual o ocidente ainda se engana.

Antes que seja tarde.

 

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Sob o Ardente Sol da Impunidade https://www.robertobmotta.com.br/artigos/sob-o-ardente-sol-da-impunidade/ Sun, 30 Jan 2022 20:29:16 +0000 https://www.robertobmotta.com.br/?p=4338

Vivo em um país que está sob a ameaça de ser presidido por um ex-presidiário. Já fiz parte do Conselho de Segurança Pública de uma entidade empresarial que era presidido pela jovem dona de uma ONG defensora do “desencarceramento” – soltura de criminosos presos – e da “descriminalização” das drogas – falácias imorais e sem [...]

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Vivo em um país que está sob a ameaça de ser presidido por um ex-presidiário. Já fiz parte do Conselho de Segurança Pública de uma entidade empresarial que era presidido pela jovem dona de uma ONG defensora do “desencarceramento” – soltura de criminosos presos – e da “descriminalização” das drogas – falácias imorais e sem qualquer lógica. Por isso lançarei, em breve, meu quarto livro – para desmentir e demolir essas narrativas criminosas que se construíram no Brasil em torno de crime e punição.

Eu acho que vocês vão gostar do livro. Mas não posso esperar; vi, em várias redes sociais, avisos de uma campanha – mais uma – a favor dos direitos dos criminosos presos. Então preciso dizer algumas coisas.

A primeira é que inexiste qualquer defesa intelectual minimamente decente do “desencarceramento”. Os ativistas dessa causa mentirosa, embriagados pela mentalidade marxista revolucionária, se propuseram uma tarefa mágica, jamais realizada em qualquer sociedade humana: acabar com as cadeias, os locais onde são colocados os criminosos.  Essa obsessão – ao mesmo tempo infantil, arrogante e sinistra – resulta em uma grave deformação da imaginação moral e erosão definitiva da capacidade de raciocínio.

A deformação da imaginação impede o ativista de mostrar empatia pelas vítimas dos criminosos, e até de reconhecer a sua existência; tudo o que ele consegue ver – e as únicas coisas que o preocupam – são o bem-estar e a liberdade dos criminosos. A erosão do raciocínio lógico impossibilita ao ativista entender a clara e inequivocamente demonstrada relação existente entre o aumento de prisões de criminosos e a redução no número de crimes cometidos.

O resultado dessa debilidade moral e lógica é a absurda conclusão de que a única política pública aceitável é a extinção das cadeias, ou a sua transformação em um local que seria uma mistura de uma sofisticada clínica terapêutica com uma colônia de férias. Na prática, considerando-se a permanente falta de recursos do Estado, trabalhar pela segunda opção equivale a promover a primeira.

Por isso, sempre que te mostrarem a foto de um criminoso preso em uma cela superlotada, como se fosse um pobre coitado, peça para ver as fotos das vítimas dele.

Sempre que te pedirem sua compaixão para um bandido, peça compaixão para as vítimas feridas ou mortas.

Sempre que uma ONG vier falar dos direitos dos criminosos presos, pergunte quem vai defender os direitos das vítimas.

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Precisamos Falar Sobre o Voto Obrigatório https://www.robertobmotta.com.br/artigos/precisamos-falar-sobre-o-voto-obrigatorio/ Sun, 01 Aug 2021 14:26:09 +0000 https://www.robertobmotta.com.br/?p=4111

Voto é um direito, nunca um dever. Em uma democracia, ninguém deveria ser obrigado a votar. Mas quando a lei torna o voto obrigatório – como no Brasil – quem se beneficia? Para descobrir a resposta, siga o dinheiro. O principal efeito do voto obrigatório é inflar o número dos eleitores que votam. Isso serve [...]

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Voto é um direito, nunca um dever. Em uma democracia, ninguém deveria ser obrigado a votar.

Mas quando a lei torna o voto obrigatório – como no Brasil – quem se beneficia?

Para descobrir a resposta, siga o dinheiro.

O principal efeito do voto obrigatório é inflar o número dos eleitores que votam. Isso serve principalmente para justificar a existência do enorme aparato e dos gastos faraônicos da justiça eleitoral e das máquinas partidárias, incluindo os bilhões dos fundos partidário e eleitoral.

“Justiça eleitoral” – a entidade que regulamenta, planeja, executa, opera, totaliza e julga eleições no Brasil – não existe em nenhuma democracia moderna do planeta.

A “justiça eleitoral” brasileira custa 7,5 bilhões de reais por ano, ou 20 milhões de reais POR DIA, mesmo em anos em que não há eleição.

Em 2017, quando não houve nenhuma eleição, o custo do aparato eleitoral foi 50% maior que o de 2016. Quase 90% do dinheiro vai para pagar funcionários (*).

Voto obrigatório não melhora a qualidade do voto, e não beneficia, e nem atrapalha, direita ou esquerda.

Voto obrigatório apenas ajuda quem vive da indústria eleitoral. 

Para os populistas corruptos, que compram voto ou o trocam por favores, não faz nenhuma diferença o voto ser obrigatório ou não. Eles continuarão a compra-lo do mesmo jeito.

Para quem depende de voto de opinião, também não haverá mudança alguma.

Mas se o voto deixar de ser obrigatório, tudo indica que a abstenção será altíssima.

E isso diminuirá a indústria do voto.

Votará quem quiser, quem se sentir preparado e motivado para isso.

A redução do número de pessoas que vão às urnas não afeta a democracia. Basta lembrar que as pessoas, mesmo obrigadas a comparecer à urna, podem votar em branco ou anular o voto.

Basta lembrar que na maior democracia do mundo – os EUA – o voto não é obrigatório, e o dia da eleição não é feriado.

O fim da obrigatoriedade transforma o voto em um exercício voluntário e genuíno de cidadania.

Mas – principalmente – ele reduz o número de votantes de dezenas de milhões para um número muito menor. Serão cidadãos conscientes, que se sentem preparados para escolher seus representantes.

A democracia não é prejudicada. Ao contrário; ela é aperfeiçoada.

Só vai votar quem se sentir preparado e motivado.

Isso é tudo o que os caciques partidários, e os que faturam com a indústria do voto – dentro e fora do Estado – não querem.

 


(*) Fontes: J. R. Guzzo, ‘O Estado de S. Paulo’, 23 de setembro de 2020, e Revista Oeste: https://revistaoeste.com/politica/o-custo-de-uma-eleicao/

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